O início do universo (se jamais teve algum início) está fora de nosso alcance. No ponto da história mais remoto a que podemos chegar, os dois grandes opostos do Espírito e matéria, da vida e da forma, já estão em plena atividade. Acreditamos que a concepção comum de matéria requer uma revisão, pois o que comumente são chamadas força e matéria em realidade são somente duas variedades do Espírito em diferentes estágios de evolução, e a matéria real ou base de tudo jaz no pano de fundo impercebido. Um cientista francês disse recentemente: “Não há matéria; não há nada exceto buracos no éter.” Isto também concorda com a celebrada teoria do Prof. Osborne Reynolds. A investigação oculta mostra que esta é a visão correta, e deste modo explica o que os livros sacros Orientais querem dizer quando falam que a matéria é uma ilusão.
A matéria primordial como vista em nosso nível é o que os cientistas chamam de éter do espaço (o que tem sido descrito na Química Oculta sob o nome de koilon). Para cada sentido físico o espaço ocupado por ele é aparentemente vazio, ainda que em realidade este éter seja muitíssimo mais denso do que qualquer coisa que possamos conceber. Sua densidade é definida pelo Prof. Reynolds como sendo dez mil vezes maior que a da água, o que significa uma pressão de 750.000 toneladas por polegada quadrada. Esta substância é perceptível só ao poder clarividente altamente treinado.
Devemos presumir um tempo (ainda que não tenhamos conhecimento direto neste ponto) quando esta substância preenchia todo o espaço. Devemos também supor que algum grande Ser (não a Deidade de um sistema solar, mas algum Ser quase infinitamente mais excelso que aquela) alterou esta condição de repouso ao derramar Seu espírito ou força dentro de certa seção desta matéria, uma seção do tamanho de um universo inteiro. O efeito da introdução desta força é como o do soprar de uma poderosa respiração; ela formou neste éter um incalculável número de pequenas bolhas esféricas (referidas na Doutrina Secreta como os buracos que Fohat abre no espaço), e estas bolhas são os átomos ultérrimos de que o que chamamos matéria é composta. Não são os átomos do químico, sequer os átomos derradeiros do mundo físico. Eles estão em um nível muitíssimo mais elevado, e o que usualmente chamamos átomos são compostos de vastas agregações destas bolhas, como será visto mais adiante.
Quando a Deidade Solar começa a formar Seu sistema, Ela encontra já pronto à mão este material – esta infinita massa de pequenas bolhas que podem ser construídas nos diversos tipos de matéria como a conhecemos.
Ela começa definindo o limite de Seu campo de atividade, uma vasta esfera cuja circunferência é muito maior que a órbita do mais externo de Seus futuros planetas. Dentro do limite desta esfera Ela dispõe um tipo de vórtice gigantesco – um movimento que reúne juntas todas as bolhas numa vasta massa central, o material da nebulosa que há de nascer.
Nesta vasta esfera giratória Ela aplica sucessivos impulsos de força, juntando as bolhas em agregações cada vez mais e mais complexas, e produzindo desta maneira sete gigantescos mundos interpenetrantes de matéria em diferentes graus de densidade, todos concêntricos e todos ocupando o mesmo espaço.
Agindo através de Seu Terceiro Aspecto, Ela envia para esta esfera estupenda o primeiro destes impulsos. Ele produz em toda a esfera um imenso número de pequenos vórtices, cada qual atraindo para si quarenta e nove bolhas, e as arranja de certa forma. Estes pequenos agrupamentos de bolhas assim formadas são os átomos do segundo dos mundos interpenetrantes. O número total de bolhas não é utilizado deste modo, um número suficiente sendo deixado em estado dissociado para atuarem como átomos para o primeiro e mais elevado destes mundos. No devido tempo chega o segundo impulso, que captura quase todas as quarenta e nove bolhas atômicas (deixando só o bastante para suprir de átomos o segundo mundo), as recolhe em si e então, expelindo-as novamente, organiza vórtices entre elas, cada qual abrigando em si 2.401 bolhas (492). Estas formam os átomos do terceiro mundo. Novamente depois de algum tempo vem um terceiro impulso, que da mesma forma reúne quase todas estas 2.401 bolhas atômicas, devolve-lhes a sua forma original, e de novo as expele para fora mais uma vez como átomos do quarto mundo – cada átomo contendo esta vez 493 bolhas. Este processo é repetido até que o sexto desses impulsos sucessivos tenha construído o átomo do sétimo ou mundo mais inferior – um átomo que contém 496 das bolhas originais.
Este átomo de sétimo mundo é o átomo derradeiro do mundo físico – não qualquer dos átomos de que fala o químico, mas aquele ultérrimo dos quais
seus átomos são feitos. Neste estágio nós teremos chegado àquela condição das coisas na qual a vasta esfera rodopiante contém em si sete tipos de matéria, todas uma só em essência, pois todas construídas do mesmo tipo de bolhas, mas diferindo em seu grau de densidade. Todos esses tipos são livremente entremesclados, de modo que exemplares de cada tipo sejam encontrados numa pequena porção tomada ao acaso de qualquer parte da esfera, entretanto, com uma tendência geral de os átomos mais pesados gravitarem mais e mais em direção ao centro.
O sétimo impulso enviado do Terceiro Aspecto da Deidade não transforma, como antes, de volta os átomos físicos que foram feitos por último nas bolhas dissociadas originais, mas reúne-os em certas agregações, fazendo assim um número de diferentes tipos do que podemos chamar de proto-elementos, e estes novamente são reunidos juntos em várias formas que são conhecidas na ciência como elementos químicos. Essas elaborações se estendem por um período de longas eras, e são feitas em uma certa ordem definida pela interação de diversas forças, como é corretamente indicado no trabalho de Sir William Crookes A Gênese dos Elementos. Na verdade o processo de sua elaboração mesmo agora ainda não está concluído; o urânio é o último e mais pesado elemento até onde sabemos, mas outros ainda mais complexos podem talvez ser produzidos no futuro.
Com o passar das eras a condensação aumentou, e logo o estágio de uma vasta nebulosa incandescente foi alcançado. Ao resfriar-se, mas ainda girando com rapidez, achatou-se em um imenso disco e gradualmente partiu-se em anéis em torno de um corpo central – um arranjo não dessemelhante daquele que Saturno exibe nos dias de hoje, ainda que numa escala muitíssimo maior. Aproximando-se o momento em que os planetas seriam necessários para os propósitos da evolução, a Deidade criou na espessura de cada anel um vórtice subsidiário, no qual uma grande quantidade de matéria do anel fosse gradualmente coletada. As colisões dos fragmentos reunidos provocou uma revivescência do calor, e o planeta resultante foi por longo tempo uma massa de gás incandescente. Pouco a pouco ela esfriou de novo, até que se aprontou para ser o teatro de vida como a nossa. Assim todos os planetas foram formados.
Quase toda a matéria desses mundos interpenetrantes a esta altura estava concentrada nos planetas recém-formados. Cada um deles era e é composto de todos aqueles diferentes tipos de matéria. A Terra sobre onde vivemos agora não é apenas uma grande bola de matéria física, construída com os átomos daquele mundo inferior, mas também tem associado um abundante suprimento de matéria do sexto, do quinto, do quarto e dos outros mundos. É bem sabido de todos os estudantes de ciência que partículas de matéria na verdade jamais tocam umas nas outras, mesmo na mais densa das substâncias. Os espaços entre elas estão em muitíssimo maior proporção do que seu próprio tamanho – enormemente maior. De modo que existe um amplo espaço para todos os outros tipos de átomos de todos os outros mundos, não só para permanecerem entre os átomos da matéria mais densa, mas para se moverem mui livremente por entre e em torno deles. Conseqüentemente, este globo sobre onde vivemos não é só um único mundo, mas sete mundos interpenetrantes, todos ocupando o mesmo espaço, exceto que os tipos mais finos de matéria se estendem para mais além do centro do que o faz a matéria mais densa.
Nós demos nomes a esses mundos interpenetrantes por conveniência ao falarmos deles. Nenhum nome é necessário para o primeiro, já que o homem ainda não está em conexão direta com ele; mas quando for preciso mencioná-lo, poderíamos chamá-lo de mundo divino. O segundo é descrito como sendo o monádico, porque nele existem aquelas Centelhas da Vida divina que denominamos Mônadas humanas; mas tampouco estas podem ser alcançadas mesmo pela mais elevada investigação clarividente por enquanto possível para nós. A terceira esfera, cujos átomos contêm 2.401 bolhas, é chamada de mundo espiritual, porque nele atua o mais alto Espírito no homem do modo como hoje ele é constituído. O quarto é o mundo intuicional (previamente chamado na Teosofia de plano búdico) porque dele provêm as mais altas intuições. O quinto é o mundo mental, porque de sua matéria é construída a mente do homem. O sexto é dito mundo emocional ou astral, porque as emoções do homem provocam ondulações em sua matéria (o nome astral lhe foi dado pelos alquimistas medievais, porque sua matéria é cintilante ou brilhante como estrelas, comparada àquela do mundo mais denso). O sétimo mundo, composto do tipo de matéria que vemos à nossa volta, é chamado de físico.
A matéria de que todos esses mundos interpenetrantes são construídos é essencialmente a mesma, mas diferentemente arranjada e em diferentes graus de densidade. Portanto as freqüências em que esses vários tipos de matéria normalmente vibram também diferem. Elas podem ser consideradas como uma vasta gama de ondulações consistindo de muitas oitavas. A matéria física utiliza um certo número das oitavas mais baixas, a matéria astral um outro grupo de oitavas logo acima destas, a matéria mental um grupo ainda mais elevado, e assim por diante.
Não só cada um destes mundos têm seu próprio tipo de matéria; também tem seu próprio conjunto de agregações desta matéria – suas próprias substâncias. Em cada mundo arranjamos estas substâncias em sete classes de acordo com a taxa em que vibram suas moléculas. Usualmente, mas não sempre, as oscilações mais lentas envolvem também uma molécula maior – uma molécula, digamos, construída por um arranjo especial das moléculas menores da subdivisão imediatamente superior. A aplicação de calor aumenta o tamanho das moléculas e também acelera e amplifica suas ondulações, de modo que elas cobrem um maior terreno, e o objeto como um todo se expande, até atingir o ponto onde as agregações de moléculas se rompem, e estas passam de uma condição para a imediatamente superior. Na matéria do mundo físico as sete subdivisões são representadas por sete graus de densidade da matéria, aos quais, partindo de baixo para cima, damos os nomes de sólido, líquido, gasoso, etérico, super-etérico, sub-atômico e atômico.
A subdivisão atômica é uma na qual todas as formas são construídas pela compressão dos átomos físicos em certas formas, sem qualquer reunião prévia destes átomos em blocos ou moléculas. Tipificando por ora o átomo físico ultérrimo como um tijolo, qualquer forma na subdivisão atômica seria feita pela reunião de alguns tijolos, e moldando-os em certa forma. A fim de fazer matéria para a subdivisão imediatamente inferior, um certo número de tijolos (átomos) primeiro seriam reunidos e cimentados em blocos menores de, digamos, quatro tijolos cada, cinco tijolos cada, seis ou sete tijolos; e então estes blocos assim feitos seriam usados como pedras para construção. Para a próxima subdivisão diversos blocos da segunda subdivisão cimentados juntos de certas maneiras formariam pedras de construção, e do mesmo modo até a mais inferior.
Para transferir qualquer substância da condição sólida para a líquida (isto é, para dissociá-la) aumentamos a vibração de suas moléculas componentes até que enfim sejam fragmentadas nas moléculas mais simples de que são constituídas. Este processo pode em todos os casos ser repetido de novo e de novo até que finalmente toda e qualquer substância pode ser reduzida aos átomos da mundo físico.
Cada um destes mundos tem seus habitantes, cujos sentidos são normalmente capazes de responder às ondulações apenas de seu próprio mundo. Um homem vivendo (como estamos fazendo) no mundo físico vê, ouve, sente, através de vibrações associadas à matéria física em seu redor.
Ele igualmente é rodeado pelos mundos astral e mental e os outros mundos que estão interpenetrando seu próprio mundo mais denso, mas ele normalmente é inconsciente, porque seus sentidos não podem responder às vibrações de suas matérias, exatamente como nossos olhos físicos não podem ver pelas vibrações da luz ultravioleta, ainda que experimentos científicos demonstrem que elas existem, e há outras consciências com órgãos diversamente formados que podem vê-las. Um ser vivendo no mundo astral poderia estar ocupando exatamente o mesmo espaço de um ser vivendo no mundo físico, sendo cada um inteiramente inconsciente do outro e de modo algum impedindo o movimento livre do outro. O mesmo é verdade para todos os outros mundos. Estamos neste momento rodeados por estes mundos de matéria mais fina, tão próximos de nós quanto o mundo que podemos ver, e seus habitantes estão passando através de e em torno de nós, mas estamos inteiramente inconscientes deles.
Uma vez que a nossa evolução no presente está centrada sobre este globo a que chamamos Terra, só em relação a ela é que estamos falando deste mundos superiores, pois no futuro quando eu usar o termo “mundo astral” eu estarei querendo dizer a parte astral de nosso próprio globo somente, e não (como até aqui) a parte astral de todo o sistema solar. Esta parte astral de nosso próprio mundo também é um globo, mas de matéria astral. Ocupa o mesmo lugar que o globo que vemos, mas sua matéria (sendo muito mais diáfana) se estende no espaço em todas as direções mais do que o faz a atmosfera da Terra – muito mais além. Ele se estende até um pouco menos que a distância média até a Lua, de modo que mesmo que os dois globos, a Terra e a Lua, estejam afastados quase 240.000 milhas, os globos astrais destes dois corpos se tocam quando a Lua está no seu perigeu (o ponto de menor distância entre os dois corpos), mas não quando está em seu apogeu (o ponto de maior distância). Aplicarei o termo “mundo mental” ao globo ainda maior de matéria mental em meio ao qual nossa Terra existe. Quando chegamos aos globos ainda mais elevados temos esferas grandes o bastante para tocar as esferas correspondentes de outros planetas no sistema, ainda que sua matéria também esteja tão cerca de nós aqui na superfície da Terra sólida como aquela dos outros. Todos estes globos de matéria mais fina são partes de nós, e estão todos girando ao redor do Sol com suas partes visíveis. O estudante faria bem em acostumar-se a pensar em nossa Terra como o conjunto de sua massa de mundos interpenetrantes – não somente a comparativamente pequena bola física no centro dele.
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